Estamos de volta ao nosso lar em Jacarta depois de quase dois meses de férias em Portugal. Regressámos à poluída, caótica e barulhenta capital indonésia e deixámos para trás família, amigos e uma terra que amamos. Desta vez não viemos sozinhos. Só a família Souto ocupou 6 lugares no avião e ainda vieram mais dois amigos à descoberta dos encantos de Bali. Connosco viajaram também 200 kgs distribuídos por 9 malas de porão cheias de delícias que todos os dias nos trazem um cheirinho e um gostinho português.
Mais uma vez derramámos lágrimas de saudade e tristeza na hora da despedida mas viemos cheios de alento e de planos para aproveitar mais um ano na Indonésia. Há muitos “countdowns” a decorrer ao mesmo tempo que aos poucos irei revelando mas, para já, interessa dizer que o novo ano escolar já começou no passado dia 26. Está a ser muito bom vê-los a reencontrar amigos e a fazer novas amizades porque neste meio das escolas internacionais há sempre uma enorme dança de entradas e saídas todos os anos.
De alguma forma os meus filhos surpreendem-me todos os dias pela sua capacidade de adaptação a situações novas e pela facilidade com que estabelecem relações de amizade e, ainda mais, pela capacidade que demonstram em superar a “perda” de amigos que lhes eram queridos e com quem passaram horas a fio durante muitos meses. Não sei se esta adaptabilidade é sempre positiva. Acho que prefiro vê-los assim mas, ao mesmo tempo, questiono-me muito sobre a profundidade e até o grau de valor que atribuem às suas amizades. Sei lá…isto de ter amigos não é tão linear quanto parece. Nem para eles e muito menos para nós.
De cada vez que vamos a Portugal está sempre no topo da nossa lista passar tempo de qualidade com a família e os amigos. Fazemos milhares de quilómetros, gastámos milhares de euros e vamos para o “frio” (22°C já é considerado frio quando o teu corpo está habituado a temperaturas diárias de 35°) por causa deles. Desta vez tivemos 2 meses de férias mas nem assim conseguimos fazer tudo o que queríamos nem estar com todos os que mereciam a nossa presença e o nosso tempo. Apesar disso, investimos muitos quilómetros de estrada, muitos pequenos-almoços, almoços, lanches que duraram até à meia-noite e jantares fartos e bem regados só para podermos absorver as energias positivas e abraçar quem nos diz muito e a quem muito devemos. Ir a Portugal é recarregar baterias, resolver problemas, fazer check-ups à saúde familiar, engordar com as nossas delícias gastronómicas, ver telenovelas portuguesas com os avós, “turistar” no Porto como os “cámones”, brindar à vida com os amigos de longa data, perceber que nas amizades simples e verdadeiras a distância nada altera, entrar no Continente e querer trazer as prateleiras todas nas malas, cortar o cabelo às mãos de quem tão bem nos trata e nos conhece, tomar belos cafés em frente à capela do Senhor da Pedra, encontrar amigos que não vemos há uma ou até duas décadas…e dar beijinhos de despedida à avó sem saber se no próximo ano a voltaremos a beijar. É um misto de coisas boas e menos boas mas são esses sorrisos, memórias e abraços que colecionámos durante aqueles meses que depois me dão forças nos momentos mais “negros” para seguir em frente e matar saudades dos meus.
Saudosismos à parte, vamos lá projetar o futuro e revelar um pouco mais dos nossos planos até ao final do ano. Em primeiro lugar dar a conhecer a cidade de Jacarta à nossa residente mais recente: levá-la aos cafés mais fixes, explorar a zona de Batavia e de Ancol, ir ao cinema, dar-lhe a conhecer os nossos amigos e os pequenos segredos e truques que usamos para tornar a nossa vida em Jacarta apreciável e, no fundo, criar-lhe boas memórias dos seis meses que aqui vai passar.
A par deste "mega-projeto", há três viagens a serem cuidadosamente preparadas. Duas delas em território indonésio e em excelente companhia. A terceira fica, por enquanto, no segredo dos Deuses. Para a altura do Natal não há ainda planos. No ano passado tivemos uns dias fantásticos em Timor mas este ano estamos com tudo em aberto. E desse lado, já há planos de férias para este ou para o próximo ano? Talvez uma visita à Indonésia...se comprarem os voos cedo garanto-vos que arranjam verdadeiras pechinchas e este arquipélago vale muito a pena ser explorado!
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