top of page

4 dias em Sydney. Demasiado ou mesmo à medida?

A viagem a Sydney andou a ser adiada durante décadas. Depois de quatro anos a viver em Timor e a adiar constantemente uma visita à terra dos Koalas e cangurus, desta vez resolvemos fazer uma curta paragem a caminho da ilha sul da Nova Zelândia e durante 3+1 dias visitámos a cidade mais populosa da Austrália.

 

Dia 1 – Chegámos ao aeroporto por volta das 6 da manhã de um sábado frio mas solarengo. Depois de uma curta viagem de táxi até ao hotel, de uma pausa para dormir (o staff do hotel foi bastante simpático e organizou-nos um check in antes do horário) e de uma refeição rápida e ligeira (e pouco saudável) no McDonald’s, fomos finalmente conhecer a cidade. Resto da tarde a explorar a zona de Darling Harbour. Sydney é uma cidade que se estende por uma vasta área e tem cerca de 5 milhões de habitantes. É a cidade mais populosa e multicultural da Austrália e é muito fácil encontrar falantes de língua portuguesa (sobretudo brasileiros) – por isso cuidado com o que dizem pois muito provavelmente há alguém por perto que vos entende! Toda a cidade está bem equipada com imensas zonas verdes, praias e zonas pedonais que convidam a caminhadas e a longos passeios. Darling Harbour é uma zona de excelência com residências e hotéis de luxo, bares, restaurantes e cafés, artistas de rua e centenas de turistas que diariamente por lá passeiam. O ambiente estava fantástico apesar do vento forte que se levantou a meio da tarde.

Momento zen do dia – beber um copo e aproveitar os últimos raios de sol junto à marina

Momento stressante do dia – convencer a miúda a caminhar até à estação do metro que ficava a uns míseros 500 metros e, ao mesmo tempo, lidar com uma crise intestinal sem nenhum wc por perto

Nota mental – no futuro retornar a Darling Harbour e jantar num dos muitos restaurantes da zona

 

Dia 2 – O segundo dia começou comigo a tentar despachar todo o mundo para fora do hotel depois de ter bebido dois valentes cappuccinos e ainda assim não me sentir minimamente preparada para enfrentar o frio matinal. Estamos em finaizinhos de março, o outono instalou-se e o meu corpo há 9 meses que não sabe o que são temperaturas inferiores a 30°C. Apesar do frio, saímos animados com destino a Circular Quay para visitar a zona mais turística e conhecida de Sydney. A rede de transportes públicos é vasta, abrangente, rápida e muito simples de utilizar por isso quase sempre optámos por usar o metro/comboio ou o autocarro nas nossas deslocações. Também comprámos um passe que nos deu acesso aos ferries e a partir de Circular Quay fizemos várias viagens de barco para outros pontos da cidade. Neste segundo dia começámos por visitar a Opera House e tirámos cerca de 53 489 fotos à zona envolvente e à Sydney Harbour Bridge. Quer queiramos quer não, esta zona é “só” a mais famosa de Sydney e, quiçá, de toda a Austrália. É impossível escapar ao cliché turístico porque é uma zona realmente bonita e emblemática e com um ambiente fantástico. De Circular Quay fomos até Watsons Bay de barco e, seguindo a recomendação de um amigo australiano, fomos almoçar ao não menos famoso Doyles on the Beach. Conhecido pelo seu “fish&chips”, nós fomos à procura de algo mais sofisticado, ávidos que estávamos de comer peixe e marisco frescos e de qualidade inquestionável. O Doyles não desiludiu. Uma vista fantástica para a pequena baía e praia, casa cheia porque afinal de contas é domingo. Depois do almoço ainda ponderámos dar um saltinho à não menos famosa Manly Beach que era a próxima paragem do nosso ferry mas, como tínhamos hora marcada para regressar (o último ferry de regresso a Circular Quay partia por volta das 16h15 e nós acabámos de almoçar às 15h30), decidimos adiar o nosso plano e regressámos à Opera House para mais algumas fotos ao final da tarde. Neste dia lavei os olhinhos com coisas bonitas, arrumadas e limpas depois de ter passado meses a ver diariamente as lixeiras a céu aberto de Jacarta. Bebemos espumante, brindámos à vida, agradecemos por tudo, respirámos o ar puro e até fomos cheios de ganas de explorar o mercado de rua de The Rocks mas chegámos atrasados e já estavam a desmontar as tendas.

 

Dia 3 – O terceiro dia foi dedicado aos miúdos. Quando se viaja com crianças temos sempre de ser flexíveis, contar com imprevistos e procurar programas que lhes interessem. E o que poderia ser mais interessante do que uma visita ao zoo para ver de perto os koalas e os cangurus? Foi uma manhã a explorar a vida animal que agradou aos mais novos mas que não me convenceu. Já visitámos zoos maiores e melhores e confesso que não saí de lá 100% satisfeita. Depois de adquirirmos mais dois elementos para a família de peluches cá de casa, resolvemos explorar o restante menu do Doyles e de seguida visitar a praia de Manly. Desta vez encontrámos o restaurante quase vazio (lembrem-se que era segunda feira), voltámos a perder o barco para Manly e acabámos a ver os barcos de cruzeiro a zarpar de Circular Quay enquanto bebericávamos um gin tónico. Na manhã seguinte tínhamos um voo para apanhar bem cedo por isso o programa do dia terminou com um jantar simples num pequeno restaurante tailandês perto do hotel.

Momento fofinho do dia – ver um koala a meio metro

 

Dia 4 – Depois de termos passado 10 dias a explorar a ilha sul da Nova Zelândia regressámos a Sydney para um derradeiro dia de visita antes do regresso a Jacarta. Este dia foi dedicado inteiramente aos nossos bons amigos do Cazaquistão que tiraram uns dias de férias da poluída Pequim para conhecer Sydney. Uma excelente surpresa, sobretudo para a nossa miúda que pôde assim rever o seu grande amiguinho da escola, mas também para nós que pudemos desfrutar da companhia deles. E há lá melhor programa do que boa mesa, boa companhia e a bela paisagem de Bondi Beach?

Nos (meus) planos está nova visita à cidade para visitar o que nos falhou desta vez. Manly Beach, as Blue Montains, os Botanic Gardens, etc. A cidade merece ser explorada com calma por isso afirmo sem dúvidas que 4 dias não são suficientes, principalmente com crianças.

“Roadtripping” a ilha sul da Nova Zelândia: 10 dias, 1 autocaravana, 2 adultos, um adolescente e uma criança

Deixem-me já atirar-vos com todos os números e depois vamos aos detalhes. Aotearoa (como é conhecida em maori- a língua nativa da Nova Zelândia) é composta por duas ilhas maiores (Ilha Norte e Ilha Sul) e outras ilhas menores e menos conhecidas. Tem cerca de 5 milhões de habitantes (de acordo com as previsões para 2018); a cidade mais populosa é Auckland e a capital - Wellington – ficam ambas na Ilha Norte. A Ilha Sul é a maior com uma dimensão superior ao território português e cerca de 1 milhão de habitantes. A cidade mais populosa da Ilha Sul é Christchurch e tem sido capa de jornais pelos motivos mais trágicos, nomeadamente o sismo de 2011 que provocou 185 vítimas ou o recente ataque a duas mesquitas que causou 50 mortos e mais de 20 feridos.

 

Porquê a Nova Zelândia (NZ) e, em particular, a Ilha Sul?

A NZ é mundialmente conhecida pelas suas paisagens maravilhosas e por ser dos países mais civilizados, industrializados e desenvolvidos do mundo. Além de constar das listas dos países com melhor qualidade de vida, alfabetização, liberdade de imprensa, esperança de vida, prosperidade e segurança, é também presença constante no top dos países mais bonitos do mundo. Como não querer visitar? Terra de montanhas e planícies sem fim, terra de cascatas e lagos, terra do Hobbit e do Senhor dos Anéis, ovelhas, fiordes, kiwis (o animal e não o fruto!), veados, povo acolhedor, desportos radicais, alpacas, vacas, pinguins azuis, golfinhos, leões-marinhos, terra limpa, pássaros bonitos, terra de aventura, de azul e de verde.

Aproveitando as duas semanas de férias da Páscoa dos miúdos, e sabendo que não íamos conseguir conhecer bem todo o território em tão pouco tempo, optámos pela Ilha Sul por ter maior diversidade de experiências e porque queríamos fugir das cidades e aproveitar ar puro e fresco.

Dia 1

Difícil de alcançar por estar tão longe de Portugal (são 12h de diferença horária e muitos voos até lá chegar), chegar até à NZ é muito mais fácil a partir de Jacarta. Chegámos a Christchurch à hora do almoço num voo oriundo de Sydney com duração de 3h30 e que atravessou toda a Ilha Sul de oeste a este.

1.png

Primeira paragem: Maui Rentals – a empresa de aluguer de autocaravanas que escolhemos para alugar a nossa casa sobre rodas para os próximos 10 dias. Depois de uns minutos a preencher papelada e de um curso intensivo (devem ter sido uns dez minutos) sobre como operar uma caravana, partimos à aventura. Estávamos às portas de Christchurch por isso fomos dar uma espreitadela ao centro da cidade e procurar um restaurante aberto às 15h que nos preparasse o almoço. De facto, a cidade não tem muito que visitar. Vimos um canal bonito e que deve ser bem agradável nos dias de maior calor. Imaginei muitas pessoas nas suas margens a fazer piqueniques ou a passear com os filhos mas naquele dia estava imenso frio e vento e não nos apeteceu explorar a zona. Optámos por entrar num Wendy’s (uma cadeia de fast food tipo McDonald’s) e de barriga cheia fomos visitar a Catedral e a zona central a pé. Antes de nos instalarmos no primeiro de 9 parques de campismo que iríamos explorar durante a nossa aventura neozelandesa ainda fomos abastecer-nos a um supermercado bem grande. Já não me recordo da nossa refeição nessa noite mas posso garantir-vos que adorei todos os nossos jantares durante aqueles 10 dias. Passámos a noite no North South Holiday Park Christchurch e lembro-me bem da sensação maravilhosa que senti quando me deitei. Uma das coisas que mais aprecio e que maior conforto me dá é uma cama larga e a cheirar a lavado. Nunca imaginei que isso fosse possível numa autocaravana!

Pontos altos do dia: a travessia aérea da Ilha Sul e explorar o interior da nossa casa ambulante. Parecíamos 4 miúdos a abrir os presentes de Natal.  

Ponto menos positivo: a nossa primeira multa de estacionamento em território Kiwi e logo num parque de estacionamento em frente à esquadra da polícia!

Dia 2

No segundo dia partimos pela Inland Scenic 72 Route com destino a Geraldine. Pelo caminho fizemos uma curta paragem em Rakaia – capital do salmão na NZ – e pudemos observar as famosas planícies de Canterbury de um lado e os Southern Alps do outro. Chegados a Geraldine, seguimos a Autoestrada 79 até Lake Tekapo – o primeiro grande “Uaau!” desta viagem.

Viajar para mim começa semanas, meses, antes da viagem propriamente dita. Começa com o sonho, com o planeamento, com a reserva de viagens, com a procura de informações e, neste aspeto, eu sinto que esta viagem demorou anos pois estava na minha “bucket list” há décadas, desde que percebi que viajar para mim não é apenas um gosto mas, sobretudo, uma necessidade.

Lake Tekapo parece um cenário tirado de um conto de fadas. O céu azul pincelado de breves nuvens brancas, o azul incrível do lago, as montanhas de pano de fundo e uma pequena igreja (Igreja do Bom Pastor). Se nos conseguirmos abstrair da presença de outros turistas que, tal como nós, não conseguem acreditar na paisagem maravilhosa que têm à sua frente, é possível imaginar que estamos num qualquer cenário de filme romântico. A vila não tem muito que visitar e vale sobretudo pelo cenário idílico por isso, antes de seguirmos caminho até Mount Cook, aproveitámos para nos abastecer para o pequeno-almoço do dia seguinte. A estrada de Lake Tekapo até Mount Cook é também ela bastante cénica. A maior parte do percurso é feito junto ao Lake Pukaki e sempre com o Mount Cook no horizonte. Entre o Lake Tekapo e o Lake Pukaki eu não saberia dizer qual deles é o mais bonito. O Lake Pukaki é ligeiramente maior mas ambos têm uma cor inacreditável. Quando andava nas minhas pesquisas e vi fotos destes lagos pensei logo que seriam fotos adulteradas, modificadas no Photoshop ou coisa do género. Custa a acreditar que aquele azul-turquesa seja realmente verdadeiro. Depois fiz mais algumas pesquisas e fiquei a saber que a cor se deve aos milhões de finas partículas que são transportadas dos glaciares e existem no leito de ambos os lagos. São estas partículas depositadas no fundo dos lagos que lhes dão uma cor tão rica. Nessa noite ficámos no Glentanner Park Centre no sopé do Mount Cook. 

IMG-20190403-WA0020.jpg
Dia 3: 
O terceiro dia amanheceu gelado mas com vistas incríveis para a montanha mais alta da NZ. O Mount Cook tem 3724m e é majestoso. Só para terem uma ideia, esta montanha é 1373m maior do que a Montanha do Pico – o ponto mais alto de Portugal. Tomar o pequeno-almoço no Glentanner Park Centre foi das melhores experiências destes 10 dias por causa da paisagem envolvente. O melhor spot para uns ovos mexidos e um café bem forte!
A nossa vista ao pequeno-almoço no Glentanner Park Centre - Mount Cook

Objetivo para este dia: chegar a Queenstown antes do anoitecer. Neste dia esperava-nos um percurso longo de mais de 270 Km e cerca de 5h de viagem. A NZ é um país muito desenvolvido e com excelentes infraestruturas mas é também um país que se preocupa a sério com o ambiente e com a preservação do seu património natural por isso as autoestradas na NZ são muito diferentes daquilo a que estamos habituados. Eles raramente rasgam montanhas ou encolhem planícies só para construir maios e maiores estradas. Eles mantêm as que têm em bom estado mas não há duas faixas de rodagem para cada sentido e os limites de velocidade rondam os 100km/h na maior parte do país. Por isso era normal encontrar sinais como este:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Além disso, com tanta paisagem bonita, é humanamente impossível não parar para tirar 53 286 fotografias. E aquela que poderia ser uma viagem de 5h facilmente se transforma em 6h ou 7h.

Acabámos por chegar a Queenstown ao final da tarde e instalámo-nos no Queenstown Lakeview Holiday Park.

Dia 4: 

A manhã começou lenta com um pequeno-almoço relaxado antes de irmos visitar uma pequena vila a 30 minutos de Queenstown chamada Glenorchy. Pelo meio ainda tivemos tempo para um pequeno acidente quando uma outra autocaravana conduzida por uns canadianos resolveu arrancar um dos nossos espelhos retrovisores. 1h depois já tínhamos espelho novo, um delicioso pote de mel neozelandês oferecido pelo casal canadiano e lá seguimos rumo a Glenorchy para um belíssimo piquenique junto ao Lake Wakatipu e um cappuccino depois do almoço num pequeno café cheio de carisma e encanto. Os 46 km que separam Queenstown de Glenorchy são incrivelmente belos e por isso aconselho qualquer pessoa a percorrê-los. Cada curva é um pretexto para uma fotografia e no regresso a Queenstown para-se outra vez porque há sempre perspetivas e ângulos diferentes prontos a serem fotografados.

Depois de Glenorchy seguimos viagem até Te Anau. Esta pequena cidade fica no sul da Ilha Sul da NZ, o ponto mais a sul que visitámos durante estas férias e, na verdade, o ponto mais a sul que alguma vez visitei em toda a minha vida. Como chegámos ao final da tarde e partimos na manhã seguinte muito cedo não tivemos muito tempo para explorar a vila. Depois de nos instalarmos no parque Gateway Te Anau para aí passar a noite, fomos até à cozinha partilhada para preparar o nosso jantar e encontrámos um casal português que já andava a explorar a NZ há mais de mês e meio. Que inveja (saudável!) tive por terem tanto tempo para verdadeiramente explorar aquela terra tão bonita. Contámos histórias, trocámos experiências e, como bons tugas, falámos das saudades de Portugal e partilhámos um vinho tinto. É realmente verdade que há um português em todos os cantinhos do mundo!

Dia 5:

O dia prometia muito com uma visita àquela que Rudyard Kipling (1865-1936) um dia apelidou de “oitava maravilha da natureza”.

Partimos às 6h do parque em Te Anau, ainda o dia estava a dormir naquela parte do mundo. O percurso de 120 km entre Te Anau e Milford Sound faz-se em 2h. Para lá refreámos a vontade de tirar fotos pois tínhamos um cruzeiro para fazer. Quando chegámos a Milford Sound abastecemo-nos de cappuccinos bem quentinhos e embarcámos num cruzeiro da empresa Southern Discoveries. Um cruzeiro ou um voo cénico são as únicas maneiras de realmente ficar a conhecer os fiordes do Fiordland National Park. Milford Sound é apenas um dos catorze fiordes que compõem o parque mas por ser o mais acessível é também o mais explorado e visitado. Dizem que naquela região chove dois terços do ano mas nós fomos uns sortudos porque visitámos num glorioso dia de sol e céu limpo. Esta raridade meteorológica permitiu-nos desfrutar melhor das 2h do cruzeiro e ver com nitidez todos os picos das montanhas circundantes, as cascatas, alguns leões-marinhos e o Mar da Tasmânia. Na viagem de regresso a Te Anau aproveitámos para fazer mais um piquenique, observar melhor a natureza e, obviamente, tirar fotos.

Nessa mesma noite regressámos a Queenstown mas não sem antes apanharmos a nossa segunda multa, desta vez por excesso de velocidade. Pernoitámos novamente no Queenstown Lakeview Holiday Park.

Dia 6:

Dia mais relaxado com a manhã dedicada a Queenstown – capital mundial dos desportos radicais. Visitámos o centro da cidade, comprámos os obrigatórios souvenirs, subimos na Gondola Ride e deliciámo-nos com um belíssimo cappuccino enquanto absorvíamos a paisagem à nossa volta. A coisa mais radical que fizemos nesse dia foi almoçar um suculento e delicioso hambúrguer no famoso Ferburger. De barriga cheia partimos para Wanaka e não resistimos em dar um passeio pelas margens do lago com o mesmo nome e em espreitar a árvore mais fotografada do mundo. Quisemos ver com os nossos próprios olhos o porquê de tanto alarido por causa de uma simples árvore. Vimos um grupo considerável de fotógrafos (uns amadores e outros profissionais) com as lentes direcionadas para a dita e devo confessar que naquele final de tarde não consegui compreender o porquê de ser um local tão famoso.

Passámos a noite no Wanaka Lakeview Holiday Park e prometi voltar à árvore no dia seguinte.

Dia 7:

De volta à Wanaka Tree (#thatwanakatree). Decidimos dar-lhe uma segunda oportunidade só porque durante as minhas pesquisas tinha visto fotos maravilhosas daquele lugar. E ainda bem que lá voltámos! À segunda a árvore não desiludiu e até os patos vieram ajudar a tornar toda a área ainda mais fotogénica. 

O plano para este dia era ambicioso e estávamos bastantes excitados com o que íamos fazer. De Wanaka viajámos pela State Highway 6 até à pequena localidade de Haast onde parámos para um rápido almoço e depois seguimos viagem até Fox Glacier. Aí esperava-nos uma das experiências mais memoráveis desta viagem: uma viagem de helicóptero com direito a aterrar no próprio glaciar. Não houve tempo para segundos pensamentos, para hesitações ou medos. Toda a experiência foi surreal, até porque ia sentada ao lado do piloto! Provavelmente os 20 minutos mais caros e, ao mesmo tempo, mais espetaculares da minha vida.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

De regresso a Haast para passar a noite no Haast River Motels and Holiday Park decidimos fazer um pequeno desvio para visitar uma das muitas praias da região e assistir ao pôr-do-sol. Foi aí que tivemos mais um momento de gratidão para com a mãe natureza. Éramos só nós e um grupo de golfinhos a aproveitar aquele final de tarde naquela praia linda e deserta. Incrível!

 

Dia 8:

Deixámos Haast de manhã cedo e atravessámos a Ilha Sul desde a costa Oeste até à costa Este – de Haast até Oamaru. Um dia que se passou sempre em viagem (358 km e cerca de 5h de estrada) com ocasionais paragens para fotografar e fazer um piquenique com mais uma deslumbrante paisagem à nossa volta. Chegámos a Oamaru por volta das 17h, instalámo-nos no Oamaru Harbour Tourist Park e fomos explorar a zona a pé. A noite prometia já que a rececionista do parque nos contou que havia pinguins à solta nas redondezas!

Convém referir que a partir deste dia a nossa viagem foi feita com pouca preparação. O nosso plano inicial era seguir viagem mais para norte pela costa Oeste até Kumara Junction (entre Hokitika e Greymouth) e daí atravessar para a costa Este através do Arthur’s Pass National Park. No entanto, a estrada entre Fox Glacier e Franz Josef estava cortada ao trânsito devido à queda parcial de uma ponte e ao derrube de árvores na zona. O mau tempo que se fez sentir dias antes da nossa aventura neozelandesa obrigou-nos a reprogramar o nosso percurso.

O ponto alto deste dia foi então conseguirmos avistar os famosos pinguins azuis no porto mesmo em frente ao parque onde íamos passar a noite. Quando toda a gente se recolhe para jantar e dormir, eles deixam os seus esconderijos diurnos e aventuram-se pelas redondezas, nomeadamente o próprio parque de campismo. Nessa noite nem dormi sossegada porque nos disseram que durante a noite eles passeavam pelas caravanas e a verdade é que fomos acordados pelo som estridente de alguns que estariam ali mesmo debaixo da nossa casinha sobre rodas.

Dia 9:

Por esta altura os nossos corpos já só pediam descanso, apenas os olhos não estavam cansados do que viam. Estávamos a precisar de abrandar o ritmo das viagens e dos muitos quilómetros diários mas a dois dias de nos despedirmos da NZ fizemos um derradeiro esforço porque, na verdade, pareceu-nos pecaminoso estar ali e não aproveitar para conhecer mais. E havia ainda tanto para ver…

Neste dia deixámos os pinguins de Oamaru e subimos a costa até Kaikoura: 423 km e quase 6h de caminho para ver-nos mais um episódio de National Geographic ao vivo e a cores. Kaikoura oferece baleias, golfinhos, focas e leões-marinhos. Nós vimos focas e leões-marinhos e nem foi preciso sair do conforto da nossa autocaravana para vermos vários ao longo da costa. Mais uns momentos que fizeram as delícias de miúdos e graúdos para mais tarde recordar! 

Pernoitámos no Kaikoura Top 10 Holiday Park.

Dia 10:

Último dia da nossa aventura. No parque, após o pequeno-almoço, fizemos aquilo que durante dias vimos outros viajantes a fazer. Deixámos os produtos que não íamos mais usar ou consumir para que outros os pudessem utilizar. Uma maneira simpática e eficaz de poupar, aproveitar e não desperdiçar.

Partimos cedo para Christchurch, fizemos a entrega da nossa casa rolante ao cabo de 2686 km percorridos e instalámo-nos no 219 on Johns Motel & Holiday Park com uma take-away pizza e uma vontade enorme de descansar. No dia seguinte partimos bem cedo rumo a Sydney. Terminava aqui o nosso percurso pela Ilha Sul da NZ e a nossa primeira experiência de férias com uma autocaravana.  

A saber:

- Viajámos na época baixa por isso foi fácil encontrar acomodação em todos os parques sem fazer reservas antecipadas. Em época alta ou de férias escolares locais é conveniente fazer reservas, principalmente nas zonas mais remotas onde existe pouca oferta de acomodação;

- O custo de vida na NZ é algo a ter em consideração, sobretudo quando se fazem compras nos supermercados ou quando se vai abastecer a autocaravana. Encontrámos uma bomba de gasolina low cost em Cromwell e como tivemos que lá passar algumas vezes procurámos abastecer sempre o depósito.

- Sabendo tudo o que sabemos agora, teríamos planeado a viagem de outra forma, ora adicionando dias extra e/ou retirando uma ou outra localidade para não ser uma viagem tão cansativa. De uma próxima oportunidade faremos os possíveis por ficar na mesma área pelo menos 2 noites.

- Uma autocaravana é super conveniente para se viajar pela Nova Zelândia e o país está muito bem preparado para este tipo de turismo.

- A NZ não me desiludiu em nenhum aspeto. O povo é amistoso, há imensos estrangeiros a trabalhar lá que são bem recebidos e que também nos recebem muito bem e falam da NZ com imenso carinho, como se do seu próprio país se tratasse. É um país lindo, seguro, desenvolvido, organizado e super civilizado.

- A NZ sabe mesmo como manter-se limpa e como preservar a sua fauna e flora e, ao mesmo tempo, educa os seus turistas e ensina-os a serem amigos do ambiente.

- Não explorámos muito a comida típica da NZ mas do pouco que comemos podemos garantir que aquela gente gosta de pratos fartos e bem servidos.

- Se visitarem a NZ tirem pelo menos duas semanas para explorar cada ilha. Não se vão arrepender.

- Os NZ levam a sério a segurança rodoviária e são muito eficazes no cumprimento das leis. Poucos dias depois de termos regressado a Jacarta já tínhamos a multa por excesso de velocidade em casa.

- Se optarem por viajar em autocaravana optem por fazer algumas das refeições nas cozinhas comunitárias dos parques. É muito interessante o ambiente multicultural que se cria numa cozinha destas e lembro-me de ter ficado encantada ao ver pessoas tão diferentes a cozinhar juntas e a partilhar ingredientes e experiências.

- Muito cuidado com aquilo que dizem. Lembrem-se que há portugueses (e brasileiros) espalhados pelo mundo e que vos percebem!

- Façam como nós e bebam muitos cappuccinos! A NZ está carregadinha de bons locais para tomar um bom café.

- Aventurem-se com os miúdos. Sim, a viagem foi cansativa; sim, talvez eles tivessem preferido ficar numa piscina de um qualquer resort os dias todos…mas não teriam vivido as experiências que viveram, não teriam explorado como exploraram e isso não há dinheiro que pague.

Boas viagens!

visiting_drivers_nz_roads.jpg
20190405_150105.jpg
20190405_132749.jpg
20190408_094329.jpg
20190408_160355.jpg
20190411_110835.jpg
Screenshot_20190619-193117_Instagram.jpg
20190406_122034.jpg

O regresso a Singapura

novembro 2019 foi um mês de regressos.

Mesmo a fechar o mês regressei a Singapura onde tinha estado, uma única vez, em março de 2001.

Há quase duas décadas Singapura já era um universo paralelo em relação aos seus vizinhos do sudeste asiático: limpa, organizada e desenvolvida. Lembro-me de sermos um grupo de jovens licenciados a caminho de Timor-Leste. Tínhamos passado uma noite em Londres e foi no quarto desse hotel londrino que tomámos conhecimento da tragédia que foi a queda da ponte de Entre Os Rios em Portugal. Essa fatídica noite de 4 de março já vai longe no calendário e na minha memória, assim como as cerca de 16 horas que passámos em Singapura. Contudo, lembro-me do choque cultural, visual e atmosférico dessas poucas horas: mais de 30°C de diferença em relação à gelada Londres do dia anterior, fuso horário de +8h, demasiadas pessoas de aspeto asiático (leia-se “olhos em bico”) no mesmo espaço geográfico, 12h de voo quase sem conseguir dormir, níveis de humidade a atingir os 95% e autocarros limpos, com televisores e ar condicionado, ruas imaculadas, pessoas ordeiras e sempre com muita pressa de chegar a algum lado. Essa visita relâmpago a Singapura em 2001 permanece bem vincada na minha memória por causa destes detalhes embora me falhe, quase por completo, aquilo que visitámos nessas horas.

Voltar a Singapura estava, portanto, nos meus planos há muitos anos mas a oportunidade tornou-se evidente quando fiquei a saber que os U2 planeavam atuar ali pela primeira vez na história da banda. Que oportunidade imperdível! (Vou fazer um grande esforço e poupar-vos aos detalhes desse concerto histórico e memorável, cheio de peripécias desde o momento da compra dos bilhetes até ao regresso ao hotel.)

O texto de hoje é só sobre Singapura, o que visitar, dicas úteis e alguns factos engraçados sobre a ilha que também é cidade e um Estado soberano desde 1965.

Fazer uma escapadinha de 2 ou 3 dias a Singapura é um denominador comum à esmagadora maioria da comunidade internacional residente em Jacarta e à classe endinheirada indonésia. É lá que muitos vão “respirar civilização”, fazer exames médicos (digamos apenas que os cuidados médicos na Indonésia são pouco avançados) ou simplesmente fazer umas comprinhas.

Em poucos dias é possível conhecer as principais atrações da República de Singapura. Deixo-vos o nosso itinerário de 3 dias, algumas dicas a ter em conta e ainda outros locais que merecem a vossa visita mas que, desta vez, nós não visitámos. 

Dia #1 começou com uma visita à icónica Koon Seng Road. Uma secção de rua única no seu estilo arquitetónico e que atrai centenas de visitantes todos os dias para tirar fotos às carismáticas casas às cores, conhecidas como Peranakan houses. Para quem gosta de receber muitos “likes” no Instagram, esta é das zonas mais fotografadas de Singapura. Chegar lá de autocarro a partir do nosso hotel (junto ao Hong Lim Park na zona de Clarke Quay) não foi difícil. O mais complicado foi encontrar o autocarro correto para dali sair e ir até ao nosso próximo destino: Marina Bay Sands. Por norma usámos o metro para nos deslocarmos mas a zona de Koon Seng Road não tem paragens de metro por perto. Foi uma aventura e muitas paragens pelo caminho para pedirmos ajuda até encontrarmos o autocarro certo.

O percurso desde Koon Seng Road até à Plataforma Flutuante da Marina Bay (The Float @ Marina Bay) levou-nos cerca de 40m. Pelo caminho conseguimos observar a Fountain of Wealth e bastantes edifícios que não percebemos se eram hotéis, centros comerciais ou escritórios. Talvez os três ao mesmo tempo! O que sei é que toda a zona é muito bonita e limpa e dá sempre para “lavar os olhinhos”…principalmente se vimos de Jacarta que de bonita e limpa tem muito pouco. 

Acabámos por perceber que visitar o Marina Bay Sands foi a nossa melhor aposta naqueles três dias. Ao fim da manhã o tempo deu uma reviravolta e choveu copiosamente até à noitinha. Passámos o tempo todo no complexo do Marina. Almoçámos num food court muito bom que oferece comida de imensos países diferentes, fizemos umas compras, os miúdos tiveram oportunidade para brincar, visitámos o ArtScience Museum (que recomendamos vivamente) e ainda demos um saltinho ao Hotel, passámos pelo Casino e subimos na esperança de dar um pulo à zona da piscina do Sands só para umas fotos. Digo-vos já que foi possível, ninguém nos barrou a entrada nos elevadores, não tivemos que pagar nada mas, uma vez lá em cima, não conseguimos sequer espreitar a piscina. O acesso é pago (e bem pago) e o tempo também não estava a ajudar. Ainda assim conseguimos tirar esta foto. 

À noite, com a chuva a dar tréguas durante duas horitas, fomos ao Gardens by the Bay e explorámos um pouco. Nessa noite foi feita a inauguração oficial da época natalícia e o espaço estava bastante animado.

Dia #2 apresentou-se muito mais solarengo por isso aproveitámos para explorar os Gardens by the Bay durante o dia. Não faltam opções de visita e há muito para ver. Nós visitámos as seguintes atrações: Floral Fantasy, Flower Dome, Cloud Forest e Supertree Grove.

 

Fizemos isto tudo da parte da manhã por isso é possível visitar muitas mais atrações se decidirem lá passar um dia inteiro. Há locais para almoçar/jantar ou até podem preparar um piquenique e comer por lá. Para satisfazer a vontade dos miúdos (e graúdos) fomos almoçar à McDonald’s (fora dos Gardens by the Bay). É curioso constatar que os hambúrgueres desta cadeia de fast food em Singapura são muito semelhantes aos que se comem em Portugal mas em Jacarta têm um sabor bem diferente (para pior!).

No resto da tarde a família dividiu-se. Uns foram descansar, aproveitar a piscina e jantar a Little India e outros foram ver os U2!!!! 

Dia #3 (e último desta nossa curta visita) foi passado a explorar a zona de Little India e o Merlion Park. Zonas distintas da cidade mas muito fáceis de alcançar devido à excelente rede de transportes públicos de Singapura. Depois de mais umas comprinhas em Orchard Road, seguimos para o aeroporto para regressar a Jacarta mas antes fomos espreitar a Jewel. E o que é isto de Jewel? Nada mais nada menos que um complexo que compreende restauração, lojas, jardins, entretenimento para adultos e crianças, milhares de lugares de estacionamento, uma queda de água gigante (é só a maior cascata interior do mundo) e que se liga diretamente aos vários terminais do aeroporto e de fácil acesso de metro. Recomendamos que cheguem ao aeroporto mais cedo só para poder conhecer esta maravilha. 

Foram só 3 dias e já deu para explorar uma boa parte mas há muito mais para ver e fazer em Singapura se tiverem mais alguns dias disponíveis. Deixo-vos uma lista de outros locais para explorar:

  • Zoo – um dos melhores do mundo por ser um espaço verdadeiramente focado na conservação das espécies e preservação dos seus habitats nativos; ao lado do Zoo há o Safari Noturno onde é possível ter uma experiência completamente diferente já que se consegue ver a fauna selvagem tropical ao anoitecer (altura em que a maior parte desses animais estão mais ativos).

  • Ilha Sentosa – uma pequena ilha acessível de carro, teleférico, autocarro ou comboio a partir da estação de Harbour Front. Aí é possível visitar museus, parques temáticos ou simplesmente aproveitar uma das três praias disponíveis;

  • Clarke Quay – uma das zonas mais turísticas e movimentadas de Singapura repleta de bares e restaurantes. Pode ser visitada a qualquer hora mas a maior animação acontece à noite. (o nosso hotel ficava nesta área e foi onde fomos passear na primeira noite)

  • Little India – já aqui referi mas nunca é demais reforçar a importância desta zona. Seja de dia, seja de noite, vale a pena uma visita e não se esqueçam de comprar caril e comer muita comida indiana. Foi o que fizemos! :)

  • Chinatown – à semelhança de Little India, é uma zona a não perder. Há templos, lojas e, sobretudo, muita comida deliciosa.

  • Orchard Road – se tivéssemos tido mais umas horas teríamos, com certeza, explorado melhor esta zona. Provavelmente a mais célebre rua de Singapura onde se concentram os melhores hotéis e marcas famosas.

  • Teatro Esplanade – famoso pelo seu aspeto futurista, é o centro artístico de Singapura e de lá tiram-se fotos espetaculares da baía e do Marina Bay Sands.

  • Singapore Flyer – localizado bem perto do Teatro Esplanade, trata-se de uma roda gigante com 165 metros e, naturalmente, é um lugar privilegiado para ver toda Singapura.

  • Para os amantes da natureza há ainda outras opções interessantes como o Bukit Timah Nature Reserve ou os Singapore Botanic Gardens (considerados pela Unesco como World Heritage Site em 2015).

Como podem ver, não faltam opções, sugestões e boas razões para uma visita a Singapura.

IMG-20191129-WA0140.jpg
20191130_101502.jpg
IMG-20191129-WA0191.jpg
IMG-20191129-WA0209.jpg
IMG-20191201-WA0006.jpg
20191201_183820.jpg
bottom of page